Mais de 70% das escolas estaduais do Ceará ofertarão Ensino Médio em tempo integral em 2023

27 de janeiro de 2023 - 07:53

Passo importante para universalização da jornada escolar de até nove horas foi dado com anúncio de mais 80 escolas convertidas ao modelo de Escola Estadual de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI)

“Tenho muito orgulho da cultura de ensino em tempo integral que estamos construindo no Ceará. Nosso sonho é que isso aconteça da creche até o final do Ensino Médio. Queremos ser uma rede de educação de referência para o mundo”. A afirmação foi dada pelo governador Elmano de Freitas, ao anunciar que a rede pública estadual terá, em 2023, mais 80 Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTIs). Isso representa mais de 70% da rede escolar funcionando em jornada ampliada no novo ano letivo. O anúncio aconteceu na manhã desta quinta-feira (26), no Palácio da Abolição, em Fortaleza, com as presenças da vice-governadora Jade Romero, da secretária da Educação do Ceará, Eliana Estrela, da comunidade escolar e de outras autoridades.

A ampliação contempla 66 municípios, dos quais 27 recebem este tipo de unidade escolar pela primeira vez. Com isso, o Ceará tem agora 472 unidades escolares de jornada ampliada, sendo 131 Escolas Estaduais de Educação Profissional (EEEPs) e 341 EEMTIs, contemplando mais de 140 mil estudantes em 165 municípios. Desde de 2016, esse é o anúncio com o maior número de escolas em tempo integral feito pelo Estado.

Assim, sete em cada dez escolas de Ensino Médio passam a ofertar o ensino médio em tempo integral no período letivo de 2023, que começa na próxima segunda-feira (30). Para essa expansão em 2023, o Governo do Ceará investe R$ 300 milhões. O recurso é aplicado na ampliação, adaptação e aquisição de novos equipamentos, contas públicas, além da alimentação escolar, custos com salários de professores e contratação de terceirizados. As estruturas passarão por processos de adequação essenciais para a conversão ao modelo de ensino, como a climatização das salas de aula e as reformas de vestiários e refeitórios.

Em tom emocionado, o governador destacou a evolução histórica do compromisso e o investimento que fez o Ceará ser referência nacional em educação, tendo hoje as melhores escolas públicas do Brasil. “O meu avô nunca entrou numa escola. Não é porque ele não queria, é porque ela não existia. O meu pai só entrou para estudar até o quarto (ano) primário. No Ceará, nós fomos, passo a passo, para garantir, primeiro, o acesso à educação. Depois do acesso, buscamos garantir a valorização dos professores. Eu sou filho de professora. Hoje, ainda temos desafios, como construir Centros de Educação Infantil para todos os cearenses”, pontuou.

Prioridade

A escola será lugar de possibilidades e oportunidades para Alessandra Carvalho, de 14 anos, que mora em Camocim, no Litoral Norte cearense. A estudante ingressará neste ano na EEMTI Maria Stela Rocha Aguiar, uma das novas 80 escolas. “Eu fiz o Ensino Fundamental em escola pública regular. É tudo novo para mim, por isso estou com muitas expectativas. Sei o quanto será importante para o meu futuro, para o conhecimento e a formação. Eu já penso em estudar muito para ser aprovada em Direito ou Administração”, comentou.

O Governo do Ceará atua para garantir a universalização deste modelo de ensino na rede pública até 2026. Essa política educacional prioritária é desenvolvida pela Secretaria da Educação (Seduc), por meio do Ceará Educa Mais. O programa é constituído de 25 ações destinadas à contínua melhoria da qualidade da educação.

Só as EEMTIs abrangem 157 municípios, beneficiando cerca de 82,5 mil alunos. Em Fortaleza, são 68 escolas com esta modalidade de ensino. A maioria está localizada em municípios com maiores índices populacionais. A distribuição considera as áreas mais vulneráveis.

Nestas escolas, a oferta do tempo integral começa a partir da 1ª série do Ensino Médio e a expansão ocorre gradualmente para as próximas séries. Cada unidade oferta uma jornada de sete a nove horas, garantindo até três refeições diárias.

As EEMTIs contam com currículo composto de formação geral básica e itinerários formativos, que compreendem disciplinas eletivas e projeto de vida. Já as escolas profissionais ofertam o Ensino Médio integrado a cursos técnicos.

“Não é só mais tempo na escola, não é apenas horário. Isso representa projetos de vida sendo construídos, com sonhos que passam pelos estudantes, professores e famílias. A interação no ambiente escolar é importante para uma vida mais justa e a construção do conhecimento. Nosso time trabalhará com a garra e a determinação para a educação avançar cada vez mais”, defendeu a titular da Seduc, Eliana Estrela.

Isso possibilitou que Ana Rhaynna Soares, 16, se apaixonasse pelo universo da ciência. Ela cursa a 2ª série na EEMTI Romeu de Castro Menezes, em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza. “Na escola, eu tenho experiências que eu jamais imaginei. Já fui líder de sala e organizei palestras para as turmas da 1ª série. Também realizei o sonho de ir para o Ceará Científico. Eu vivo no laboratório de Química, e aprendo. Isso me dá um caminho para o futuro”.

A ampliação da jornada escolar converge com o papel de todos os envolvidos no processo educativo: família, professores, funcionários e comunidade. Esse modelo aumenta o tempo escolar e amplia as oportunidades de aprendizagem que favorecem o desenvolvimento de competências cognitivas e socioemocionais, além do protagonismo estudantil por meio de escolhas de componentes curriculares eletivos.

Rafael Martins é diretor da EEMTI Dona Carlota Távora, em Araripe, na Região do Cariri, que atende cerca de 550 estudantes. Ele fala sobre a expectativa da comunidade escolar para esse momento que é mais um marco na história da educação cearense. “Nossos professores abraçaram essa nova realidade com afinco, para acolher nossos estudantes. Acreditamos que, com qualidade, equidade e mais tempo, a educação transformará a vida dos nossos jovens”, disse.

Ainda segundo o governador Elmano de Freitas, além de ampliar a jornada e fortalecer a escola como espaço de cidadania e protagonismo, ações devem ser desenvolvidas para a aprendizagem e qualificação profissional da juventude em ciência e tecnologia, bem como assegurar a permanência dos estudantes no Ensino Médio.

Cooperação com os municípios

Além do Ensino Médio, o Governo do Ceará também apoia a universalização do tempo integral nas escolas de Ensino Fundamental das redes municipais cearenses. Com o Paic Integral, que expandiu as ações do Programa de Aprendizagem na Idade Certa (Mais Paic), são adotadas estratégias para fortalecer o regime de colaboração por meio do fornecimento de apoio técnico, pedagógico e financeiro às redes municipais, a fim de possibilitar a implementação da política de tempo integral em todo o estado até 2026.

 

Larissa Falcão – Ascom Casa Civil – Texto
Tatiana Fortes, Carlos Gibaja e José Wagner – Fotos
Yuri Leonardo – Infográfico